quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

FEDERAL INTERVENTION IN RIO- A FIRST STEP TOWARDS RETURN OF THE MILITARY?


Statement by the Corrente Comunista Revolucionária-CCR, (Brazilian Section of the RCIT), 18 February 2018,www.elmundosocialista.blogspot.com

The news arrived in the country on the morning of February 16 when the illegitimate president Michel Temer decided for a federal military intervention in the state of Rio de Janeiro. Rio's Secretary of Security, Roberto Sá, was removed from office and in his place General Braga Netto was appointed to control all security until at least the end of the year.

The measure is a continuation and deepening of the military intervention in the streets of Rio de Janeiro that has been happening since the Olympics in 2016. In practice, the Armed Forces will occupy the streets of the city and replace the regular police. In practice the military will take control of the state.

The demonstrations of masses during the carnival celebrations strongly expressed the level of disapproval of the Brazilian population against the coup d'état and the regime of emergency. The most evident example was the parade of the Tuiutí samba school that shook the country showing all the effects of the coup d'état in live broadcast in national network and caused a political earthquake. The coup president was portrayed by Tuiutí as a neoliberal vampire who destroyed labor rights, among other things, and that image went around the world. This was devastating to the image of the government, which was almost ready to try to have a vote in Congress on the pension reform. The government had to try to react to minimize international humiliation. The Temer government's response came four days later when it declared military intervention in the state of Rio de Janeiro.

However, the Temer government justified the military intervention with the necessity to reduce the street violence, which supposedly would have increased in the last days in that same period of carnival. In reality the decree of intervention is not related to security, but to the serious political situation of the country.

First, the Temer government was not able to fulfil the promise it gave to the financial capitalists to implement the neoliberal pension reform. It had to delay a vote in the Congress several times during the year 2107 due to insufficient support among congressmen. At the beginning of 2018 it appeared as semi-dead. In this crucial year at least half of parliamentarians did not want to risk their elections for a project rejected by 85% of the population. The popular rejection of the president in opinion polls now has reached more than 90% and, consequently, any candidate in the next elections that is very close to the president and his reforms runs the risk of not being re-elected.

The federal military intervention in Rio de Janeiro serves to solve a problem only of the president and not of the safety of the population. On the contrary, other military interventions in the state only served to protect the rich and middle class and increase oppression in the poor neighborhoods and communities of the city. The army soldier is trained specifically to kill, not to control urban violence. This is even worse when we think of popular demonstrations of workers' strikes and mobilizations of social movements. "Coincidentally" such a measure of the federal government came after several announcements of the communities living in the hills (favelas) in Rio de Janeiro appeared, saying "If they arrest Lula, the favela will come down the hills!" The reference of the masses to former president Lula da Silva reflects the mood of a population that does not see in the other candidates any hope of improvement of life after neoliberal reforms have been achieved. It is implicit in the message that the population of the favelas in the city will not go down the hill for samba parades.

In short, this military intervention in the state of Rio is a first step towards a possible nationwide intervention of the Armed Forces, including the possibility of controlling the presidential elections in October, or even the cancellation of the elections and the installation of a harder regime than it is today.

So we in the Corrente Comunista Revolucionária (CCR) strongly condemn this military intervention and call on all the workers and oppressed to organize against these measures, just as we call on mass organizations and social movements to do the same. We call on CUT, MST, MTST, PSTU, the progressives sectors of PSOL, and other progressive organizations to support the mobilizations and the creation of action committees by any means necessary. This putchist regime governs every single day to advance new measures against the people. First with its tough economic measures, such structural reforms, and now with the rise of the repressive apparatus. We call for the formation of neighborhood workers' committees to organize their own security committees against criminal violence and police violence.

* No to the criminalization of political demonstrations and the criminalization of social movements! Public safety is not the role of the Armed Forces! For the cancellation of federal military intervention in the state of Rio de Janeiro!

* For the creation of committees of action in factories, unions, neighborhoods, favelas and peripheral regions in defense of our rights and against the government of the coup and against any military intervention! For committees of self-defense of the workers and poor in the neighborhoods and peripheries!

* For the cancellation of the Pension and Labor Reform, the privatizations and the outsourcing!

* Down with the constitutional provision that allows the army to intervene in political matters!

* For a revolutionary workers' party – a new world party of the socialist revolution! For the Fifth International!

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

INTERVENÇÃO MILITAR FEDERAL NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO



Intervenção Federal no Rio: Um Primeiro Passo Para a Volta dos Militares?

Declaracão da CCR, 18 de fevereiro de 2018

  A notícia chegou ao país logo pela manhã do dia 16 de fevereiro, o presidente ilegítimo Michel Temer decidiu pela intervenção militar federal no estado do Rio de Janeiro. Por isso, o secretário de Segurança do estado do Rio, Roberto Sá, foi afastado do cargo e em seu lugar foi nomeado o general Braga Netto para controlar toda a segurança até pelo menos o fim do ano.

  A medida é uma continuação e aprofundamento da intervenção militar nas ruas do Rio de Janeiro que já vem acontecendo desde as Olimpíadas de 2016. na prática, as Forças Armadas ocuparão as ruas da cidade, substituirão a polícia. Oficialmente o general-interventor ocupará apenas a secretaria de Segurança, mas na prática os militares tomarão o controle do estado.

  As festas de carnaval expressaram fortemente o nível de reprovação da população brasileira contra o golpe de Estado e o regime de exceção. O exemplo mais evidente foi o desfile da escola de samba Tuiutí que sacudiu o país mostrando todos os efeitos do golpe de estado em horário nobre e em rede nacional, causando um terremoto político. O presidente golpista foi retratado como um vampirão neoliberal que destruiu os direitos trabalhistas, entre outras coisas, e aquela imagem atravessou o mundo.  Tal fato foi devastador para a imagem do governo, que já estava prestes a tentar votar a reforma da previdência. O governo tinha que tentar reagir para minimizar a humilhação internacional. A resposta do governo Temer veio quatro dias depois quando declarou a intervenção militar no estado do Rio de Janeiro.

Porém, o governo Temer como o argumento para a intervenção sobre a necessidade de se conter a violência, que supostamente teria aumentado nos últimos dias nesse mesmo período de carnaval. Na realidade o decreto de intervenção não está nada relacionado à segurança, mas à grave situação política do país.

Em primeiro lugar, a promessa de concretizar a reforma da Previdência que o governo Temer fez ao sistema financeiro, protelada várias vezes durante o ano de 2107 por falta de votos insuficientes entre os congressistas, já estava semi-morta nesse início de 2018. Em ano eleitoral, pelo menos metade dos parlamentares não queriam arriscar suas eleições por um projeto rejeitado por 85% da população. A rejeição ao presidente igualmente alcança até hoje mais de 90% de rejeição e consequentemente qualquer candidato nas próximas eleições que estiver muito próximo do presidente e de suas reformas corre o risco de não ser reeleito.

A intervenção federal militar no Rio de Janeiro veio para resolver um problema somente do presidente e não da segurança da população. Pelo contrário, as outras intervenções militares no estado só serviram para proteger a classe rica e média e aumentar a opressão nos bairros pobres e comunidades da cidade. O soldado do exército é treinado especificamente para matar, e não para controlar a violência urbana. Pior ainda quando pensamos nas manifestações populares de greves dos trabalhadores e mobilizações dos movimentos sociais. “Coincidentemente” tal medida do governo federal veio após aparecerem várias faixas das comunidades dizendo “Se prenderem o Lula, o morro vai descer!”.  A referência das massas à Lula da Silva reflete o estado de ânimo de uma população que não enxerga nos outros candidatos uma esperança de melhora de vida após concretizadas as reformas neoliberais. Fica implícito na mensagem que a população do morro não vai descer o morro para desfiles de samba.

Em resumo, essa intervenção militar no estado do Rio é um primeiro passo para uma provável intervenção das Forças Armadas em âmbito nacional, inclusive com a possibilidade de controlar as eleições presidenciais em outubro, ou mesmo o cancelamento das eleições e a instalação de um regime mais duro do que acontece hoje.
Portanto nós do CCR condenamos fortemente essa intervenção militar e chamamos a todos os trabalhadores e oprimidos a se organizarem contra essa medida, assim como também chamamos as organizações de massa e os movimentos sociais a fazerem o mesmo. De fato, chamamos a CUT, MST, MTST, PSTU, os setores progressistas do PSOL,  e outras organizações progressistas a apoiar as mobilizações e a criação de comitês de ação, por qualquer meio necessário O processo golpista a cada dia avança em novas medidas contra a população. Primeiro com suas duras medidas econômicas, as tais reformas estruturais, e agora com o aumento do aparato repressivo. Nós chamamos pela formação de comitês de Trabalhadores bairro para organizarem seus próprios comitês de segurança contra a violência dos criminosos e contra a violência das polícias.

*Não à criminalização das manifestações políticas e à criminalização dos movimentos sociais!
Segurança pública não é papel das Forças Armadas! Pelo cancelamento da intervenção federal militar no estado do Rio de Janeiro!

* Pela criação de comitês de ação nas fábricas, sindicatos, bairros, favelas e regiões periféricas em defesa de nossos direitos e contra o governo dos golpistas e contra qualquer intervenção militar! Por comitês de autodefesa dos trabalhadores e pobres nos bairros e periferias!

* Pelo cancelamento das Reforma da Previdência e Trabalhista, privatizações e terceirizações!

* Abaixo o dispositivo constitucional que permite ao exército a intervenção em assuntos políticos!

* Por um partido operário revolucionário- um novo partido mundial da revolução socialista! A Quinta Internacional

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

BRAZIL:PRESIDENTIAL ELECTIONS 2018

The control of the electoral process by the judiciary and the conservative media is a fraud!


Statement by the Corrente Comunista Revolucionária-CCR, (Brazilian Section of the RCIT), January 28, 2018, www.elmundosocialista.blogspot.com

The coup d'etat of April 2016 opened a period of deep attacks on the historically fragile democracy in Brazil, materializing in loss of democratic and social rights. The notoriously corrupt and illegitimate government of Temer is spending billions of dollars to buy congressmen in order to stay in power and make neoliberal reforms. With regard to democratic rights, most of these attacks are expressed in attempts to further diminish the rights of citizens.

The prosecutors of the republic, who theoretically ought to ensure the compliance of the constitution, in a gesture of pure authoritarianism have even proposed the end of the right to habeas corpus. Suddenly, no further concrete evidence is required for the conviction of a suspect, now is enough to have the "conviction", that is to say, the judges began to make a moral analysis to give the verdict. The suspect becomes guilty, with very few rights to his own defense. From now on it is not the state that has to prove the culpability of the defendant; it is the defendant who has to prove that he is not guilty. This reminds us of the history classes on the Inquisition of the Middle Ages. Although some acts of corruption have been proven, there are countless convictions based exclusively on allegations, convictions, many of them without concrete evidence, and the most scandalous example is being the case against former President Lula da Silva. The crucial question we ask is: should the rule of law and the minimum guarantees in favor of the citizens be destroyed in the name of the supposed fight against corruption?

The Judiciary, either because it is acting like coward or because it has an ideological accomplice of this neofascism, with the Supreme Court having an important role in this process, is also active in advancing the agenda that restricts rights and stifles democracy, giving legal backing to the coup-d’etat of this reactionary regime. The social class selectivity of the judiciary can be seen by the fact that it denies to put in jail Mr. Aécio Neves from rightist party PSDB, former presidential candidate against Roussef-PT, and that it is protecting President Michel Temer from losing his term. It has done so despite the fact that both of them were caught in audios with strong evidence of crimes, including with bags full of money! Contrast this with the fact that thousands of young people from the peripheries, blacks and poor whites, are suffering abuses by the police without any punishments. The mobilizations and demonstrations of the social movements in defense of their rights are being criminalized and brutally repressed.

Among the hundreds of people who are suffering from the abuse of arbitrary detention, coercive conduct, citizens anticipated considered guilty by the monopolized media, people condemned based on "moral convictions" and without evidences. The main target of this offensive is in the former President Lula da Silva. They are blocking Lula's candidacy because at this moment he has the support of 45% of the vote intention for the Presidential elections. By controlling the electoral process the judiciary and the conservative media is trying to have an election only with have their preferred candidates (Joao Dória-PSDB, Rodrigo Maia-DEM, Geraldo Alckmin-PSDB, Luciano Huck). This can only be called a Fraud!

But those who imagine that the only target is Lula and his Workers party-PT are mistaken about the reality. The target is the whole working class, the poor people salaried employee. If they succeed in arresting Lula, the path to repression will be open to all left-wing parties and organized social movements.

We are not discussing here about political support for the likely candidate Lula da Silva. We are discussing about democratic rights, in which all parties could launch their own candidates and that the Brazilian population can freely choose their candidates. We are also discussing the end of the regime of emergency which began with the destitution of President Roussef and resulted in taking away the workers' historic rights, such as a formal contract (Labour Reform) and retirement (Pension Reform), as well as our political and civil rights. These are important rights despite the well-known limitations which exist for the poor and oppressed in the so-called bourgeois democracies.

On the other hand, we can not confuse the defense of democratic rights with the defense of the program of the Workers Party-PT or the candidature of Lula da Silva. The Workers' Party has always had a social democratic political program, so it was never revolutionary, but it always defended the humanization of the capitalist system (as if that were possible!). In large part, the Workers' Party is one of the main forces responsible for the present difficult situation of the Brazilian working class.

Because of their great influence with the masses, the PT governments guaranteed several social rights, always within the narrow limits of bourgeois democracy. At the same time President Lula once declared that "entrepreneurs have never won as much as in my government!" Conclusion: It is a lie of conservatives sectors and the right-wing group MBL-Movimento Brasil Livre, along with the monopolistic media (Globo-Band-SBT) to define the PT as a “radical revolutionary” ready to install the "Bolivarian dictatorship."

The CCR calls the PT, from CUT, MST, MTST, CTB, PCdoB, PSOL to leave their immobility and do more work to mobilize the working masses with the objective not only of fighting for truly democratic elections, but also for canceling the structural reforms made by this putschist Temer government such as: labor reform, total outsourcing, the re-nationalization of the pre-salt oil basins, recovery and substantial increase of the minimum wage, the resumption of social public investments by canceling the law which permitted freezing social spending for 20 years, canceling the project for the pension reform , etc.

Above all, we understand the need to build a real workers' party with a revolutionary socialist program on a national and international level. Only such a party can give the necessary leadership for these struggles. Only such a party can transmit the socialist program to the masses. It is, therefore, the central task of all consistent revolutionary forces to focus on the construction of such a party. The CCR urges all fighters in Brazil to fight together for the founding of such a party.

* No to the interference of the judiciary and the monopoly and conservative media in the 2018 presidential elections!

* Resist and Fight for Democratic Rights: Free, Direct and Secret Elections!

* For the cancellation of neoliberal reforms: Labor; of High School, privatizations of Petrobrás and wells of Pre-Salt, outsourcing. No to the Destruction of Welfare disguised under the name of Reformation.

* No to threats of military intervention!

* For a true revolutionary workers party!


terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

O MAIS RECENTE PÂNICO NO MERCADO DE AÇÕES



Uma Prévia do Futuro Crash da Economia Mundial Capitalista

Por Michael Pröbsting, Secretário Internacional da Corrente Comunista Revolucionária Internacional (CCRI), 8 de fevereiro de 2018, www.thecommunists.net

O pânico nos mercados de ações em todo o mundo nos últimos dias demonstrou uma vez mais o caráter frágil da chamada recuperação da economia mundial capitalista desde a Grande recessão ocorrida 2008/09. Neste momento, nos limitaremos a algumas observações à medida que planejamos publicar um livro sobre a situação mundial atual e suas contradições fundamentais. Este documento incluirá um capítulo mais extenso sobre a economia mundial.

Naturalmente, não estamos em condições de prever se o pânico do mercado de ações dos últimos dias continuará diretamente a uma quebra (crash) ou não. Como sabemos dos eventos passados, é possível que haja uma recuperação temporária superficial. Mas é certamente o caso deste pânico atual refletir o estado altamente frágil da economia mundial e suas explosivas contradições internas como esboçamos em obras passadas. (1) Essas contradições são, por sua vez, uma expressão da decadência fundamental do capitalismo como modo de produção. (2)

O FMI e outros grupos de pensadores burgueses publicaram nos últimos meses vários relatórios em que apresentavam uma imagem relativamente otimista. Em sua atualização de janeiro de 2018, o FMI afirmou: "O aumento cíclico em curso desde meados de 2016 continuou a se fortalecer. Cerca de 120 economias, que representam três quartos do PIB mundial, registaram um aumento no crescimento em termos equivalentes em 2017, o mais amplo crescimento do crescimento global sincronizado desde 2010. "(3) O PIB mundial deve crescer (calculado por taxa de câmbio do mercado) em 2,5% (2016), 3,2% (2017), 3,3% (2018) e 3,2% (2019).

No entanto, os mais inteligentes economistas burgueses estão plenamente conscientes de que não há muito otimismo por trás das fanfarras otimistas oficiais. O Fórum Econômico Mundial, que é o anfitrião da cúpula da elite mundial em Davos em janeiro, advertiu em seu relatório: "No entanto, essa imagem relativamente otimizada esconde inúmeras preocupações. Essa foi a mais fraca recuperação pós-recessão já registrada. O crescimento da produtividade permanece incrivelmente fraco. O crescimento do investimento foi moderado e, nas economias em desenvolvimento, consideravelmente menor desde 2010. E em muitos países, o tecido social e político foi gravemente desgastado por muitos anos de estagnação dos rendimentos reais ". (4)

O desenvolvimento de investimentos e lucros continua a ser fraco ou mesmo em declínio. Como a OCDE demonstrou em suas últimas Perspectivas Econômicas, o crescimento médio da produção desde 2008 ficou claramente abaixo da média dos dois ciclos econômicos anteriores. (5) Vemos uma imagem semelhante para o desenvolvimento do crescimento de investimentos e lucros nos EUA de acordo com a estatística mais recente do Banco Mundial. (Veja a Figura 1). Isso também é verdade quando olhamos para a dinâmica do investimento na outra grande economia - a China. (Veja a Figura 2)









Além disso, como já destacamos nos nossos últimos documentos Perspectivas Mundiais, continuamos a ver uma estagnação do comércio mundial em relação à produção. Como dissemos, a era da globalização está prestes a acabar. De acordo com a Organização Mundial do Comércio 791, as novas barreiras não tarifárias apareceram anualmente em média nos anos de 2010 a 15, ou seja, mais do que nunca na história. (8) Outro reflexo desse desenvolvimento é o declínio dos fluxos de capitais transfronteiriços como porcentagem do PIB global desde a Grande recessão em 2008/09. De um nível máximo de 20,7% em 2007, caiu para um recorde-baixo de 2,6% em 2015.

Essas tendências de estagnação do ciclo econômico refletem o fracasso da burguesia monopolista em superar as contradições internas fundamentais da economia mundial capitalista - o excesso de acumulação de capital e a queda da taxa de lucro. Mesmo a última edição do "Relatório Econômico do Presidente" dos Estados Unidos, produzido anualmente pela Casa Branca e não conhecida como uma perspectiva pessimista, é forçado a chamar a atenção para a taxa decrescente de acumulação de capital. Ele reproduz números que mostram o desenvolvimento do investimento líquido como parte do estoque de capital dos EUA entre 1945 e 2015. (Ver Figura 3) Este valor reflete a dinâmica decrescente da reprodução ampliada do capital: "Em 2009, o investimento líquido em ações do estoque de capital caiu para o seu nível mais baixo na era da pós-Segunda Guerra Mundial e o estoque de capital nominal ainda diminuiu. Embora o investimento líquido tenha se recuperado um pouco na recuperação, seu nível como parte do estoque de capital permanece bem abaixo da média histórica e declinou ligeiramente em 2015. "(9)








Figura 3. Investimento líquido como parte do Estoque de Capital, EUA, 1945-2015 (10)

Embora a classe capitalista tenha sido incapaz de superar essas contradições fundamentais de seu modo de produção, conseguiu até agora atrasar o início da próxima recessão. Quais foram os motivos para isso? Existem várias razões, mas o mais importante parece ser um enorme aumento da dívida, atingindo um nível maior do que antes da última recessão em 2007. Relacionado a isso, há uma enorme bolha no setor financeiro que cedo ou tarde explodirá. Tudo isso foi tornado possível pela política imprudente dos bancos centrais imperialistas de imprimir dinheiro e manter baixas as taxas de juros em quase zero.

Vejamos esses desenvolvimentos mais detalhadamente. Na Tabela 1, vemos os últimos cálculos do Instituto de Finanças Internacionais sobre dívida global. Isso mostra que a dívida como parte da produção global aumentou massivamente nos últimos 15 anos. Significativamente, enquanto a dívida como parte do PIB global foi de 276% antes da última recessão, isso cresceu para 327% em 2017 - apesar de todas as promessas oficiais para reduzir a dívida, foi entendido como uma razão importante para a gravidade da última recessão!



Table 1. Global Debt (All Sectors), 2002-2017 (11)

Na Tabela 2, vemos a discriminação desta dívida nos diferentes setores: Corporações Não Financeiras, Governos, Setor Financeiro, Familiares. É de especial interesse observar isso - em comparação com a situação antes da última recessão - os dois setores onde a dívida aumentou mais rapidamente foram as empresas não financeiras e o governo. Embora seja lógico que os capitalistas estejam preparados para aumentar sua dívida para manter suas operações de negócios no período de queda da taxa de lucro, está dizendo que a dívida pública está aumentando massivamente, mas não a do setor financeiro. Isso é ainda mais interessante, já que foi o setor financeiro que estava em dívida antes da recessão em 2007 e que o desencadeou. A explicação reside no caráter fundamental do governo capitalista - como Marx e Engels já declararam no Manifesto Comunista: "O executivo do estado moderno é apenas um comitê para gerir os assuntos comuns de toda a burguesia" (12). Concretamente, o estado capitalista assumiu as dívidas dos bancos e, com isso, ajudou os especuladores financeiros a iniciar seus negócios arriscados de novo. Enquanto isso, a classe trabalhadora tem que pagar o aumento da dívida pública com impostos e maiores cortes nos investimentos sociais!







Tabela 2. Endividamento Setorial Global (Todos os Setores), como Parte do PIB Global, 1997-2017 (13)

O crescimento do endividamento está ocorrendo em todas as economias imperialistas. Embora o nível de endividamento já tenha sido elevado nas economias imperialistas ocidentais antes da recessão em 2008/09, mas não muito nos chamados "mercados emergentes" (incluindo a China), isso mudou agora. Na verdade, a dívida aumentou ainda mais rapidamente na China do que nas antigas economias imperialistas! De acordo com o último relatório da OCDE, a dívida agregada na China aumentou de menos de 100% do PIB até o final de 2008 para 170% no início de 2016. (14) De acordo com outro relatório, a dívida total da China é de cerca de 280% PIB, com dívida corporativa aumentando rapidamente para 160% do PIB, o maior nível entre as principais economias mundiais. (15) Nos fatos, o setor de dívidas em empresas governamentais e não financeiras aumentou em quase todos os países do G20. Marx observou no Volume III do Capital que o sistema de crédito ajuda os capitalistas a acelerar a produção. No entanto, ele também advertiu que o endividamento é uma espada de dois gumes. Quanto mais acelera a produção, mais logo resultará em erupções violentas: "Portanto, o sistema de crédito acelera o desenvolvimento material das forças produtivas e o estabelecimento do mercado mundial. É a missão histórica do sistema de produção capitalista levantar esses fundamentos materiais do novo modo de produção para um certo grau de perfeição. Ao mesmo tempo, o crédito acelera as erupções violentas dessa contradição - crises - e, portanto, os elementos de desintegração do antigo modo de produção "(16).

Há muitas indicações de que a economia global está passando por uma bolha similar, como ocorreu nas duas últimas décadas. Os mercados de ações globais estão atingindo altas após outras. Mas na verdade, esta é uma bolha que logo deve implodir. O Fórum Econômico Mundial deu o alarme: "As ações dos EUA apenas duas vezes na história estiveram mais altas do que agora: antes dos crashes de 1929 e 2000." (17) Outro exemplo de bizarrice da bolha é a propaganda exagerada em torno da criptografia Bitcoin, que aumentou em valor em cerca de 1200% em 2017! Da mesma forma, o Índice Global de Preços imobiliários aumentou massivamente e atingiu agora o mesmo nível quando a bolha atingiu seu auge em 2007! (Figura 4) Em suma, os ativos são insustentáveis e a bolha deve implodir mais cedo do que mais tarde. Tal implosão provavelmente desencadearia outra Grande Recessão.




 Figura 4. Índice Global de Preços Imobiliários Q1-2000 - Q2-2017 (18)

Na verdade, a próxima recessão provavelmente será pior do que a última. Este é o caso de estar relacionado com a profunda estagnação da economia mundial capitalista. Mas neste momento, queremos apontar apenas três fatores importantes. Primeiro, durante a última recessão em 2008/09, os efeitos dramáticos sobre a economia mundial puderam ser atenuados pelo fato de a recessão se concentrar nos antigos países imperialistas. Portanto, a China, que experimentou ainda algum crescimento significativo, assim como outras "economias emergentes", puderam suavizar as consequências da queda. Esse não é mais o caso. Como demonstramos, o endividamento na China e outras "economias emergentes" aumentou significativamente e, portanto, sua capacidade de intervenções anticíclicas é muito mais limitada agora.

Em segundo lugar, os impactos dramáticos sobre a economia mundial em 2008/09 puderam ser atenuados pela maciça intervenção capitalista estatal. Os governos capitalistas estavam preparados para resgatar os bancos, assumir suas dívidas e injetar dinheiro para a economia (o chamado "Quantitative Easing", como explicamos em documentos anteriores sobre a economia mundial). No entanto, novamente, este instrumento não está mais disponível. Os governos estão agora muito mais endividados do que na última vez e, portanto, seu espaço de manobra é muito mais limitado.
Em terceiro lugar, os bancos centrais conseguiram reduzir as taxas de juros nas recessões passadas. Este instrumento monetário tornou mais fácil para os bancos e as empresas tomar novos empréstimos e suavizar os efeitos da recessão. No entanto, este instrumento também não está disponível, já que os bancos centrais já baixaram as taxas de juros para quase 0% nos últimos anos! O ex-secretário do Tesouro dos EUA, Larry Summers, notou em um discurso recente que o Fed (Banco Central Americano) geralmente reduziu as taxas de juros em 5 pontos percentuais ao longo do tempo para estimular a economia nas recessões. No entanto, isso não é mais possível, pois o Fed baixou a taxa de fundos federais perto de zero e recentemente aumentou para 1,25-1,5%. Outros bancos centrais - como o Banco Central Europeu, o Banco do Japão e o Banco da Inglaterra - estão em pior situação, já que suas taxas de juros são atualmente ainda menores do que as do Fed.

Não há dúvida de que a economia mundial capitalista está indo em direção a uma nova grande recessão que provavelmente será mais devastadora do que a última. Um número crescente de economistas já está nervoso. Jean-Claude Trichet, ex-presidente do Banco Central Europeu de 2003 a 2011, advertiu em uma entrevista recentemente publicada sobre "um risco muito grave de uma nova crise". (19) Não podemos dizer se isso acontecerá em 2018 ou mais tarde. De fato, as intervenções maciças dos estados-capitalistas e o enorme endividamento global, que lembra um esquema de Ponzi, dificultam um prognóstico preciso. No entanto, no momento em que a próxima Grande Recessão explodir, vai destruir tremendamente a ordem burguesa e abrir uma nova fase de grandes ataques tanto dos capitalistas como do crescimento das lutas de classe.

Notas de rodapé

(1) Para a análise da CCRI (en inglês RCIT) sobre a economia mundial capitalista desde a Grande recessão em 2008/09, veja, por exemplo, RCIT: Perspectivas do mundo 2017: A luta contra a ofensiva reacionária na Era do Trumpism, Capítulo I, em: Comunismo revolucionário n. ° 59, https://www.thecommunists.net/theory/world-perspectives-2017/;

Avanço da contra-revolução e a aceleração das contradições de classe marcam a abertura de uma nova fase política. Teses sobre a Situação Mundial, as Perspectivas para a Luta de Classe e as Tarefas dos Revolucionários (janeiro de 2016), Capítulo II e III, em: Comunismo Revolucionário nº 46, http://www.thecommunists.net/theory/world-perspectives-2016/

 RCIT: Perspectivas para a luta de classe à luz da crise profunda na economia e na política mundial imperialista. Teses sobre Novos Desenvolvimentos Recentes na Situação Mundial e Perspectivas Ahead (janeiro de 2015), em: Comunismo Revolucionário No. 32, http://www.thecommunists.net/theory/world-situation-january-2015/
Michael Pröbsting: economia mundial - indo para uma nova ascensão? em: Quinta Internacional, Volume 3, nº 3, Outono de 2009, https://www.thecommunists.net/theory/world-economy-crisis-2009/;

 Michael Pröbsting: Imperialismo, Globalização e Declínio do Capitalismo (2008), em: Richard Brenner, Michael Pröbsting, Keith Spencer: The Credit Crunch - A Marxist Analysis, London 2008, https://www.thecommunists.net/theory/world-economy-crisis-2009/

(2) Para a nossa análise da decadência do capitalismo no período histórico atual, encaminhamos os leitores para o documento  RCIT: Perspectivas mundiais 2016: Avanço da contra-revolução e a aceleração das contradições de classe Marcam a abertura de uma nova fase política, Capítulo II, https: https://www.thecommunists.net/theory/world-perspectives-2016/part2/

Michael Pröbsting: O Grande Roubo do Sul. Continuidade e Mudanças na Super-Exploração do Mundo Semi-Colonial pelo Monopoly Capital. Consequências para a Teoria Marxista do Imperialismo, Viena 2013, capítulo 14, https://www.thecommunists.net/theory/great-robbery-of-the-south/


(3) FMI: World Economic Outlook, Update, Brighter Prospects, Optimistic Markets, Challenges Ahead, 22 de janeiro de 2018, p. 2

(4) WEF: Relatório de Riscos Globais 2018, p.19

(5) Veja, por exemplo, PERSPECTIVAS ECONÓMICAS DA OCDE. O desafio da política: catalizar o setor privado para um crescimento mais forte e mais inclusivo, Presentation, Paris, 28 de novembro de 2017, p. 3

(6) Banco Mundial: Perspectivas Econômicas Globais, janeiro de 2018, p. 13

(7) Banco Mundial: Perspectivas Econômicas Globais, janeiro de 2018, p. 15

(8) Rawi Abdelal e Igor Makarov: A fragmentação da economia global e as relações entre os EUA e a Rússia, Grupo de Trabalho sobre o Futuro das Relações EUA-Rússia, Grupo de Trabalho, Documento 8, abril de 2017, p. 8

(9) Relatório Econômico do Presidente, janeiro de 2017, Washington, p. 104

(10) Relatório Econômico do Presidente, janeiro de 2017, p. 105

(11) Tyler Durden: Dívida global atinge registro $ 233 trilhões, acima de US $ 16Tn Em 9 meses, 01/07/2018, https://www.zerohedge.com/news/2018-01-07/global-debt-hits-record-233-trillion-16-trillion-9-months


(12) Karl Marx e Frederick Engels: Manifesto do Partido Comunista (1848), em: MECW Vol. 6, p. 486

(13) Tyler Durden: Dívida global atinge registro $ 233 trilhões, acima de US $ 16Tn em 9 meses

(14) Perspectivas Econômicas da OCDE, Volume 2017 Edição 2, p. 58

(15) PricewaterhouseCoopers: a visão longa. Como a ordem econômica global mudará até 2050? Fevereiro de 2017, p. 22

(16) Karl Marx: Capital Band III, MECW Vol. 37, p. 439

(17) WEF: Relatório de Riscos Globais 2018, p.19

(18) FMI: Índice Global de Preços imobiliários, http://www.imf.org/external/research/housing/index.htm
veja também o FMI: Global Housing Watch, Q2-2017, p. 1

(19) Entrevista com Jean-Claude Trichet: "Es gibt ein sehr ernstes Risiko einer neuen Krise", Wiener Zeitung, 27. Jänner 2018, p.